quarta-feira, 14 de julho de 2010

A medida certa

A qualidade do tempo que você passa com seus filhos importa e muito. Mas a quantidade desses momentos também é fundamental, dizem educadores.

Psicólogos e educadores estão mudando o discurso de que a qualidade do tempo que se passa com os filhos é mais importante do que a quantidade. Eles constataram que, com a correria da vida moderna, muitos pais reduziram a convivência diária com os filhos a tal ponto que a situação se tornou alarmante. "Depois de trabalharem 10 ou 12 horas, é comum chegarem em casa, abrirem um parêntese de alguns minutos para brincar com os filhos e em seguida irem para o computador ou assistirem à televisão, achando que o dever foi cumprido e está tudo bem", diz a psicóloga Maria Tereza Maldonado, com consultório no Rio de Janeiro. "Não pode haver qualidade na relação familiar sem um mínimo de quantidade", sentencia a especialista.Ela arrisca dizer que não existe um tempo mínimo que os pais devem passar com os filhos. O que se aplica a todos os pais como um alerta geral é que a falta de tempo para os filhos tem sido vista como um dos principais motivos do crescimento de problemas emocionais na infância. "Qualidade de tempo tem limite. Quinze minutos por dia com o filho não são suficientes",diz Reinaldo Menezes Martins, pediatra. "Esse pode ser um tempo para a gente se ver livre de uma tarefa, mas não para dar atenção a uma criança", reforça a psicanalista Carmem Proença.
Os especialistas destacam que crianças e adolescentes precisam de tempo para ser ouvidos, necessitam do olhar atento dos pais para detectar possíveis perturbações no desenvolvimento e também de acompanhamento nas brincadeiras que, além da diversão pura e simples, transmitem muitos ensinamentosl. "Essa convivência faz a criança sentir-se amada e aceita. A falta dessa proximidade pode gerar crianças agressivas, com baixa auto-estima, sentimento de rejeição, baixo rendimento na escola e dificuldade de relacionamento", alerta Carmem.

Em busca de tempo

Não se descabele porque você não consegue ficar mais tempo com seu filho. A qualidade continua sendo importante. Mas talvez valha a pena dar uma paradinha e refletir sobre a organização do tempo. "As famílias precisam repensar a construção do cotidiano", diz a psicologa Maria Tereza Maldonado. Muitas revisões podem ser feitas. É possível negociar uma redução na jornada de trabalho? Uma parte das tarefas pode ser realizada em casa? Seu filho poderia estar mais integrado às suas atividades? Que tal estruturar uma rede de apoio de amigos e parentes para ajudar a cuidar dos filho? Pegue um papel e lápis e tente observar onde você gasta o seu tempo e tente organizá-lo de acordo com as suas prioridades. Que tal fazer algumas tarefas pela internet? Não é melhor ganhar um tempinho para dar banho ou trocar uma fralda? E uma última dica, fácil de adotar: enquanto estiver no trabalho, fique próxima de seu filho pelo telefone. Ligue, pergunte o que ele está fazendo, conte algo sobre o seu dia, ou apenas telefone para contar quanto gosta dele. Essas pequenas atenções significam qualidade e quantidade de relações.

Fonte: Revista Crescer, artigo A medida Certa, editora Globo, ed. 133, São Paulo: 2004

Postado por: Arleide Mendes - RA 1016930

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